Gravity Falls: Uma reflexão sobre a vida
Desde o meu primeiro post aqui no blog, nunca escondi meu amor por animações, elas simplesmente fazem parte de mim!!! Cada uma pra mim é singular e transmite uma mensagem única, além de levar diversão e ser um ótimo programa. E sendo assim, hoje vou falar sobre um dos últimos episódios de “Gravity Falls: Um verão de mistérios”, o episódio “Estranhegedon pt.2”.
Primeiro, vamos falar sobre a série num modo geral. “Gravity Falls” foi lançada no dia 15 de junho de 2012 e teve seu último episódio indo ao ar no dia 15 de fevereiro de 2016, bastante tempo para uma série de apenas duas temporadas, mas justificado pela produção de cada episódio, que levava meses a ainda passava pelo aval de diversos setores da produção. A série conta a história dos gêmeos Dipper e Mabel Pines que tem seus planos de verão estragados após serem mandados para Gravity Falls para passar o verão com seu Tivô Stan Pines, um vigarista que ganha a vida enganando as pessoas com sua Cabana do Mistério. Ao longo da série outros personagens vão aparecendo, mas para esse artigo, vamos focar exclusivamente em dois coadjuvantes: Wendy Corduroy, uma jovem estudante que trabalha para Stan e Soos Ramirez, um homem que tem Stan como pai (além de patrão).
Agora falando sobre o episódio escolhido: a saga de episódios “Estranhagedon” é a que encerra “Gravity Falls” e retrata uma espécie de apocalipse de um personagem chamado Bill Ciper, que muito lembra o Olho Que Tudo Vê. Bill é o vilão por trás de todos os mistérios de Gravity Falls e pretende levar sua estranheza para toda a Terra e assim controlá-la. A saga é dividida em três partes e escolhi a parte dois pela peculiaridade do episódio, que muito se assemelha a nossa vida. Então? Vamos lá???
Bom, em “Estranhagedon pt. 2”, Mabel está presa em uma bolha após fazer um trato com Bill, que se compromete em dar o verão sem fim que Mabel tanto queria. Mas por que a jovem Mabel queria isso? Um pouco antes na série, Dipper disse que não voltaria pra casa ao fim do verão com Mabel, por motivos “profissionais”, mas Mabel não aceita a mudança de Dipper e, tomada por isso e pelo medo de se tornar uma adolescente, Mabel faz o tal trato num ato desesperado. Vamos analisar esse primeiro ponto: “tomada por isso e pelo medo de se tornar uma adolescente”. Mabel e Dipper fariam 13 anos em alguns dias, e isso significava a entrada na adolescência, mas além disso, significava que a vida dos gêmeos ia mudar e uma nova era ia chegar: a tão temida adolescência. Se fizermos um link com nossas vidas, podemos perceber que todos tem o medo que Mabel sentia. Em alguma hora da vida, percebemos que as responsabilidades aparecem e que tudo muda da noite pro dia, e o novo mundo que passamos a viver nos assusta. Isso pode ser observado na saída do ensino médio para a faculdade, quando a incerteza sobre nossas vidas aparece e nos deixa em parafuso. Ponto para “Gravity Falls”.
Seguindo adiante, finalmente chegamos ao núcleo do episódio: a Mabelândia. A Mabelândia era a cidade onde a fantasia de Mabel se tornava real e ela jamais cresceria, e muito além disso, o mundo sabia exatamente o que os personagens gostariam que se tornasse real e usava isso para controlá-los. Cada personagem tinha um desejo: Wendy gostaria que seu tempo de “tocar o terror” não acabasse; Soos, queria conhecer seu pai e Dipper queria namorar com Wendy. Mas o ponto desse início é que Dipper não cede às tentações de Mabelândia, alegando que a realidade é primordial e não deve ser negada, enquanto o resto dos personagens viviam as “maravilhas” do fantasioso mundo. Outro ponto peculiar é, mais uma vez, Mabel. Mabel sabia que tudo aquilo era uma fantasia e sabia que Gravity Falls enfrentava problemas com Bill, mas seu medo a dominou e fez com que a garota acreditasse que somente daquele jeito ela aguentaria viver, mesmo sabendo que estava se enganando - e se destruindo - aos poucos. É como se vivêssemos num mundo de fantasia sem querer enxergar a realidade, porque a tal fantasia é mais confortante para nós, e não nos damos conta do quão perigoso isso pode ser ou quanto tempo e oportunidades perdemos por abdicar da realidade. Mais um ponto para “Gravity Falls”.
“As pessoas são felizes aqui. Será que importa mesmo se é real ou não?”
Mabel Pines
Adiante, Dipper agora se vê sem nenhuma chance de tirar Mabel da fantasia, quando o mundo de Mabelândia ataca o jovem novamente. Dessa vez, Mabelândia coloca Wendy e Dipper frente à frente e a jovem expressa desejo por ele, que tentado, quase cede à mais uma tentação daquele universo, mas na hora H, Dipper lembra que nada que acontece lá é real e a imagem fantasiosa de Wendy se desfaz, mas uma árvore diz que ele não pode fazer aquilo e que há olhos em todos os lugares, numa clara referência ao Olho Que Tudo Vê, e mais: logo em seguida, um grupo de guardas chegam e prendem Dipper por mencionar a realidade. Curioso né? Agora observamos que a utopia de Mabel, é na verdade uma distopia e uma sociedade autoritária a qual você deve viver conforme as regras de ser feliz o tempo todo. A pergunta que eu deixo é: qual a possibilidade disso ocorrer? Digo, qual a vantagem de viver uma sociedade - e ainda pior: uma fantasia - supostamente perfeita, mas que não te permite pensar de outro modo se não o que está posto? O jogada agora é mostrar o quão as fantasias que criamos podem nos destruir e como nos policiamos severamente para nunca nos deixarmos escapar de nossas fantasias. Mais uma vez, ponto para “Gravity Falls”.
Pego pelos guardas, Dipper é levado à um julgamento por infringir a regra de mencionar a realidade e está disposto a salvar Mabel, ele só não contava com como a garota queria ficar naquele mundo. Em meio ao julgamento, a fantasia de Mabel apresenta a ela diversas situações cotidianas que deixaram a jovem triste como a foto da escola de Mabel e o Dia dos Namorados, o qual Dipper não recebe nenhum cartão. Mas logo depois disso, Dipper se usa das mesmas memórias para mostrar a Mabel que a realidade dói, mas fugir dela, dói ainda mais.
“Posso não ter todas as respostas, mas sei que mesmo fingindo querer estar aqui, você não quer. Está com medo de crescer… A realidade é podre às vezes, não vou mentir, mas há um jeito melhor de enfrentar isso do que se enganar: com a ajuda das pessoas que ama”
Dipper Pines
O ponto desse momento é mostrar a tendência que temos em só observar o lado negativo das coisas. Quando Dipper falou, ele fez questão de mostrar como os gêmeos sempre estiveram um do lado do outro, principalmente nos momentos ruins. Usando as mesmas situações, Dipper mostra como ajudou Mabel na hora da foto e como a irmã o ajudou na hora dos cartões. Dipper mostrou a Mabel que não há como fugir da realidade e que não se deve apenas observar os lados negativos da vida, mas também o lado positivo, considerar as pessoas que ama, e principalmente, faz Mabel perceber que finalmente chegou a hora de crescer e que as pessoas que Mabel ama, ele em especial, sempre estaria ali para ela. Uma lição sobre a vida passada com perfeição por “Gravity Falls”. Que episódio, meus amigos!!!
Chegando ao fim, Mabel aceita a realidade e, numa luta contra a sociedade instaurada, que queria a cabeça dos personagens por estes se rebelarem contra o sistema, Mabel mostra estar decidida em deixar aquele lugar e assumir sua vida com força e mais uma lição é passada, dessa vez sobre a bolha social. Durante sua fantasia, Mabel apenas percebeu o que era convicto à ela. Toda Mabelândia funcionava de acordo com as vontades de Mabel, sem espaço para o diferente. E eu pergunto a vocês, e deixo a pergunta: O quão diferente somos em relação à isso? O quão nós aceitamos viver e dialogar com o que não nos convém, em âmbito pessoal?
“Desculpa Mabelândia, mas é hora de estourar sua bolha.”
Mabel Pines
Com tudo isso e mais um pouco, o episódio é de longe o meu favorito na série, mas vale lembrar que “Gravity Falls” é bem mais que isso. A série é garantia de diversão e gargalhadas em suas duas temporadas. É diversão para toda a família!!! Então corre pra conferir “Gravity Falls: Um verão de mistérios.”
Oieee, esse post ta simplesmente perfeito, a forma como vocês desenvolveram e fizeram essa reflexão foi perfeita é exatamente como meu ponto de vista sobre a animação, graças a esse post tomei iniciativa pra realizar um sonho meu que sempre tive, criar um canal no youtube e meu primeiro video vai ser uma homenagem sobre gravity falls, MUITO OBRIGADO, vocês me inspiraram.
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