A nova era das distopias


O futuro com toda certeza é uma das coisas que mais assusta as pessoas. Desde de crises até a existência num planeta pós-apocalíptico faz com que a nossa imaginação seja levada às mais diversas realidade. Mas, desse mesmo imaginário assustado, também surge a esperança de um lugar melhor para se viver, quem dirá até mesmo perfeito, e é daí que surge o termo “utopia”. A utopia vem a ser um lugar perfeito onde tudo daria certo e haveria prosperidade, e seu antagônico, a “distopia”, surge como uma espécie de “realidade mais plausível” de um futuro. Na verdade, ela é um futuro onde tudo daria errado e métodos autoritários seriam adotados para realizar o controle da sociedade.
Na literatura, este último termo é bastante explorado. O medo de um possível futuro distópico faz com que criemos mundos incríveis que podem ser levados da prosperidade à ruína em algumas linhas. Os maiores clássicos do gênero, têm origem na metade e fim do século XX, tratando sobre o controle absoluto da sociedade como 1984, Fahrenheit 451 e Blade Runner, mas o século XXI devolveu as distopias um status que tinha sido há muito esquecido. Agora com enfoque no público infanto juvenil, as distopias conquistaram o coração dos jovens com temas que afetam a vida das pessoas no nosso tempo como a pobreza e as bolhas sociais. Hoje vamos focar em quatro das sagas mais aclamadas do nosso tempo e mostrar um pouco da relação delas com nossas vidas.
Vamos lá???

1º - Trilogia Jogos Vorazes

A saga conta a história de Katniss Everdeen, uma jovem habitante do Distrito 12, o lugar mais pobre de um país chamado Panem, uma nova nação controlada à mão-de-ferro pela Capital e constituída no território dos antigos EUA após catástrofes ecológicas destruírem boa parte do planeta. Com uma trama bem construída e um romance acontecendo ao fundo, a saga toca em feridas mais abertas do que nunca na sociedade atual. “Jogos Vorazes” retrata com excelência o abismo social existente atualmente, e isso fica claro ao compararmos os Distritos de Panem: Nos cinco primeiros distritos, as pessoas conseguem viver sem maiores problemas, enquanto nos sete últimos, a fome ditava a relação entre o governo central e o povo. Outro ponto explorado pela saga é o governo totalitário de Panem: Embora as pessoas dos distritos mais ricos tivessem alguns privilégio, todos, absolutamente todos os distritos eram subjugados ao poder da Capital, que se usa da mídia para controlar todos seus habitantes: na Capital, pelo entretenimento, nos distritos, para mostrar sua força sobre todos e para induzir às pessoas a uma suposta - e inexistente - meritocracia. Evidente é a semelhança com o momento atual, o qual a mídia usa sua influência para induzir as pessoas a se enxergar em posições que não têm e para acreditarem que, apenas com seu mérito, podem conquistar tudo. Sendo a grande saga do momento, “Jogos Vorazes” possui uma leitura rápida e tranquila que todos deviam ter.


2º - A Série Divergente

“Divergente” conta a história de Tris Prior, uma jovem de dezesseis anos que vive numa sociedade pós-apocalíptica que divide as pessoas em cinco facções que fundamentam seus pilares com base em características essenciais para o mantimento da sociedade: Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição e Franqueza. A protagonista é a própria divergente, e isso é considerada uma característica que os líderes da nova sociedade dizem ser perigosa para a manutenção do sistema. A saga retrata uma perigosa característica do momento atual do mundo: a bolha social. Cada vez mais, as pessoas (principalmente a classe média) se prendem ao fato de acreditar que somente elas e os que pensam como elas estão certas, criando bolhas sociais de interação apenas com os semelhantes. As redes sociais impulsionam esse comportamento, principalmente o Instagram e o Facebook, que fazem questão de mostrar apenas os gostos de cada usuário nos seus respectivos feeds. Com uma trama política forte e uma crítica rígida à nossa atual sociedade, “Divergente” é uma ótima pedida para os fãs das distopias.


3º - Trilogia A Seleção

Conta a história de America Singer, uma jovem pobre de uma nova nação chamada Illéa. O país, fundado no território dos antigos EUA, é uma monarquia absolutista e conta com uma sociedade baseada no sistema de castas, onde as castas altas tinham um alto padrão de vida, enquanto as mais baixas lutam pela sobrevivência dia após dia. A história é passada durante A Seleção, uma competição em que 35 garotas disputam o coração do jovem príncipe Maxon e, mais importante ainda: se tornar a nova princesa de Illéa. America, oriunda da casta 5, uma das mais pobres de Illéa, não está lá pela coroa, mas sim pela comida, em sua casa raridade. A saga, composta por três livros, trata de um dos problemas sociais que mais preocupam o mundo atualmente: a pobreza. Basta vermos as intenções da protagonista na competição e veremos a dura realidade em que parte do país vive e que as partes altas não se importam. Além disso, o livro reflete sobre autoritarismo, e o uso da mídia para controle social, e tudo isso aliado ao romance de fundo, torna “A Seleção” um dos melhores livros da temática na atualidade e promete prender o leitor da primeira à última página.


4º - Trilogia Legend

Após o nível dos mares subir drasticamente, uma guerra foi travada nos antigos EUA dividindo o território em dois novos países: República da América e Colônia da América. A República, uma ditadura totalitarista que busca levar seus cidadãos aos “genes perfeitos” e as Colônias, uma país completamente liberal controlada por 4 corporações privadas, onde, dá mesma forma que a República, a população mais pobre não tem voz. O livro conta a história de Day e June, esta, a menina prodígio da República e aquele, o criminoso mais procurado do país. Além de mostrar mais uma vez a pobreza, a trilogia ainda fala sobre os problemas dos sistemas políticos já testados e faz uma dura crítica à obediência sem limites. Para completar o arsenal de críticas, o uso de armas biológicas é explorado durante toda a trilogia. Com um romance que se entrelaça com a história, “Legend” é eletrizante e traz um enredo que prende o leitor e mostra emoção do início ao fim.


Mas um ponto merece destaque quando pensamos nas diferenças das quatro história. Se pararmos pra pensar que o mundo de “Legend” e de “A Seleção” só mudou algumas de suas relações políticas enquanto o de “Divergente” e “Jogos Vorazes” são ambientadas num mundo totalmente novo, pode-se entender que, de certa forma, o mundo dos dois primeiros não é completamente uma distopia, mas sim uma “Sociedade Sã”. Em “Legend” e “A Seleção”, o mundo como conhecemos ainda existe e a integração entre todos também, as mudanças que ocorreram implicam apenas na criação de alguns novos países no lugar de outros antigos e mudanças nas formas de governo, mas nada que fuja do atual cotidiano: relações de pobreza, ditaduras, guerras, cooperação e conflitos entre os países. Duro é ver que isso é considerado Sociedade Sã. Assim como a nossa.
Então agora é com você!!! Se ainda não leu, corre pra conferir essas quatro distopias e se você já leu, conta pra gente o que achou aqui nos comentários!!!!

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