A jovem sociedade

OLÁÁÁ PESSOAL, tudo bem??? Hoje vou falar de uma série nova que está dando o que falar, tanto pelo seu teor político, quanto pela possibilidade gerar as mais malucas teorias entre os fãs. Hoje vou falar sobre The Society.


Poster de divulgação


Produzida pela Netflix e lançada em 2019, The Society conta a história dos estudantes da escola de West Ham, que após verem sua viagem de formatura ser interrompida, voltam para a normalidade de sua cidade natal, a não ser por uma coisa: todos os adultos da cidade desapareceram.

Um dos grandes pontos altos da série é seu título. The Society apresenta logo de início um grupo de jovens que precisa, urgentemente, se organizar numa espécie de sociedade para conseguir sobreviver ao novo mundo em que estão. Os jovens, então, se dividem em dois grupos diferentes: os liderados por Harry Bingham (Alex Fitzalan), pensaram o que quase todo jovem pensaria nessa situação, e aproveitaram para inaugurar uma era de curtição em West Ham; já os liderados por Cassandra Pressman (Rachel Keller), estavam mais preocupados com o que tinha acontecido, como mudariam e sobreviveriam àquilo. O primeiro embate está posto, e a primeiro momento, é muito bem explorado pela série, o que prende o espectador na tela. Ponto para The Society.

Da esquerda para a direita: Harry, Allie, Cassandra, Will e Kelly
após Cassandra tentar uma conciliação com Harry


Com o decorrer da série, alguns eventos mudam West Ham, e a pessoa mais improvável assume o poder na jovem cidade: Allie Pressman (Kathryn Newton), irmã de Cassandra. É agora que o foco de The Society passa a ser a questão política envolvida na série. Imaginem, qual é o melhor jeito que um grupo de adolescentes, sozinhos, podem gerenciar uma cidade inteira sem nenhuma experiência para tal e apavorados por isso? Allie assume a cidade e é logo colocada como um tipo de ditador totalitário, que foi posto no cargo contra sua vontade, mas que exerce a função quase que com perfeição. A série, de certa forma, acerta na construção de uma sociedade controladora, mas peca ao manter essa construção no campo da superficialidade. The Society acaba utilizando muito tempo para cenas desnecessárias que constroem um universo que flerta pouco com a realidade, criando uma história que busca mais agradar o espectador do que ser autêntica. E, infelizmente, ela falha nos dois, e mesmo que seja uma série que, de certo modo, prende a audiência, ela não é prazerosa.


A evolução dos personagens é outro ponto negativo para The Society. Na maior parte do tempo, a série consegue definir bem o núcleo principal e coadjuvante, mas falha ao tentar criar a crescente de cada personagem, de modo que faz com que todos eles pareçam estáticos. O ponto fora da curva é Helena (Natasha Liu Bordizzo), que desde sua primeira aparição até o fechar das cortinas, se apresenta como uma personagem forte, esperta e pragmática, e se consagra como a grande personagem de The Society. Mas o sucesso de Helena não é replicado em outros personagens, e assinala mais um ponto negativo para The Society.


Da esquerda para a direita: Allie, Helena e Cassandra com Will
atrás de Helena, quando Cassandra conseguiu o apoio de Helena

Embora seus personagens pareçam estáticos, há também certo charme nisso. Da mentalidade realista e utópica (mesmo que os termos pareçam contraditórios, as ações de Allie durante a série ajudam a entendê-los) de Allie, à personalidade doentia de Campbell Eliot (Toby Wallace), e o quadrado amoroso vivido por Allie, Will (Jacques Colimon), Harry e Kelly (Kristine Froseth), The Society consegue prender os espectadores. Muito disso se deve à divisão da trama entre momentos de tirar o folêgo, conversas bem trabalhadas, e decisões carregadas de emoção, até trechos clichês, previsíveis e com pouca relevância para o decorrer da trama. Esse mix de combinações consegue até mesmo fazer com que o espectador escolha seu lado na agitada política de Nova Ham (nome dado por Allie à cidade, quando esta assumiu o poder). Isso é um ponto mais do que positivo para a série, uma pena que seja um dos poucos.

Na verdade, os eventos da trama acontecem em função dos pais dos jovens terem desaparecido, e diversas teorias surgem entre eles para explicar o que aconteceu. Como responsável por tal explicação, Gordie (José Jullian) rapidamente se torna o “cientista” dos jovens, e leva algumas respostas ao grupo. The Society constrói um jogo político que independe, mas ao mesmo tempo se correlaciona com o sumiço de todos os adultos da cidade. É como se todo o pânico causado pelo sumiço dos pais simplesmente desaparecesse e não interferisse na formação da sociedade, uma vez que a todo momento alguém diz que eles precisam superar seus pais. Não sei até que ponto essa autonomia dos núcleos é positiva para The Society, isso deixo a critério de vocês.


Allie e Will discutindo com Campbell

Com seus 10 episódios, de aproximadamente uma hora de duração cada, The Society, mesmo com a falta de profundidade e de dinamicidade dos personagens, é uma série que vale a pena, e suas questões sociais fazem com que o espectador levante discussões e até reveja algumas de suas convicções pessoais, mas, infelizmente, The Society erra mais do que acerta, e isso é um gancho para que o espectador perca o prazer de assistir com certa facilidade. Se você ainda não assistiu, mesmo com os erros, vale conferir The Society, e depois conta pra gente o que você achou de Allie, Harry e todos os cidadãos de Nova Ham!!!

Nenhum comentário: